sábado, 27 de dezembro de 2014

E viva a Revolução





Há um bom tempo há uma grande discussão sobre o artigos científicos. Por um longo tempo as grandes editoras internacionais dominaram o mercado da ciência, abusando-se de uma lógica difícil de entender, porém mais difícil de entender o porquê que foi mantida por tanto tempo.

Para entender o processo da publicação de um artigo científico:

1. Para se ter reconhecimento internacional (especialmente na área das exatas) é necessário que pesquisadores publiquem seus resultados em revistas internacionais. Estas revistas possuem regras bem restritas quanto ao seu conteúdo e métodos de avaliação dos artigos em questão (algumas rejeitam 90% dos artigos que recebem já na primeira "olhada". [Até aí tudo bem, seriadade extrema]

2. Aqueles artigos que "merecem" ser publicados na revista, serão corrigidos e formatados pelos próprios autores pesquisadores que o submeteram. Se revisado e aceito pelos revisores [em geral de três a quatro] será publicado.

3. Aqui a porca torce o rabo. Na publicação os autores tem duas opções. Pagam uma quantia exorbitante para que seu artigo seja colocado a disposição na web para download gratuíto (na média 5 mil dólares!), ou cedem seus direitos a resvista que publica na web e vc só pode ler se pagar, na média 30 dólares por artigo.

Este é o momento que entra o grande debate. Como assim pagar sempre? O artigo é fruto de anos de pesquisa, de trabalho sustentado por instituições privadas ou públicas [No Brasil, mais públicas]. Ou seja, não foi a editora que pagou para que a pesquisa fosse realizada, o pesquisador faz todo o trabalho e quem lucra são os bacanas que colocam um link na web? No momento em que se quer divulgar a pesquisa e na maioria das vezes esta pequisa é baseada na necessidado do coletivo, os resultados só ficam restritos a quem pode pagar, e pagar caro. Quanto ao custeio público, vindo de impostos, o acesso deve ser livre a todos, já que todos contribuiram financeiramente para a realização das pesquisas.

Bem este debate se estende e muito, mas o assunto de hoje é que isso está mudando e está mudando de forma acelerada. Há alguns anos, muitos cientistas tão indignados como qualquer um que entende como o processo ocorre decidiram dar um basta e começaram a publicar em revistas de acesso aberto [open acces]. Na época estas revistas não tinham muito prestígio, que é medido através de um índice. 

Porém aqueles que ousaram desafiar o império da editoras não se arrependeram. Hoje as revistas de acesso aberto crescem de maneira exponencial. Como efeito colateral, um grande comércio surgiu com editoras novas que oferecem preços baixíssimos para publicar artigos científicos nos mesmos moldes das grande editoras. 

Mas o que inspirou-me a escrever isto foi que, isto tem crescido de forma tão avassaladora, que agora as grandes revistas e editoras estão começando a mandar e-mails para seus autores em suas bases de dados, fazendo propaganda delas mesmas e convidando os autores, antes rejeitados por simples preconceito, a submeterem artigos a estas revista. Há uns dois anos minha caixa de correio tem ficado lotada com estes anuncios, o que há quatro anos atrás, raramente acontecia de receber um e-mail sequer.   

Na ciência revoluções acontecem o tempo todo, Mas esta é tão grande quanto os maiores feitos da humanidade. E está apenas começando.  

domingo, 30 de novembro de 2014

Sobre geléias, preguiça e maturidade



Você acorda cedo, afinal a vida acorda cedo e dorme tarde. Em duas horas tudo está arrumado, inclusive sua opinião sobre a situação do país, o que fazer para mudar o mundo e quem você não quer ter uma conversa que não levará a nada. A esta altura, sim, podemos simplesmente ignorar alguém.

Trabalho é divertido, estressante, mas divertido. Quando se faz o que gosta, trabalhar 10 horas cansa, mas você fará de novo no próximo dia. Noites são os momentos em que você divide o tempo precioso com quem merece.

Nunca experimentei tal coisa. Este negócio de vida mimimi, sabe? Compras semanais no supermercado, a preocupação com uma comida saudável, o desejo insano de ir para casa para encontrar quem está te esperando. Alimentar o gato todo dia, acordar cedo e esperar o comentário político e a previsão do tempo. Sábados tempestivos e domingos preguiçosos.

De repente você anseia para estar em sua cama, de preferência não por conta de uma ressaca. Sim, bons jantares substituem baladas. Um belo cafá naquela cafeteria cool, com certeza. Isto custará mais que o dobro no seu bolso, mas valerá cada gole.

Eu preparei geléia semana passada. Pense nisso, e por quê? Porque eu queria preparar? Quatro horas fazendo isso! Mas foi como terapia. Quando se trabalha demais com a mente, trabalhos manuais simples acabam tirando você do seu mundo de cálculos e fórmulas.  

E tudo isso é bom. Cultivar plantas insignificantes. Acordar de manhã e ter alguém que amo do meu lado, compartilhar a vida.Toda a manhã eu xingo minha gata que decide morrer de fome as cinco da manhã, mas mesmo assim eu amo fazer isso. E assim que posso, eu abraço ela tão forte que ouço o ar saindo de seus pequenos pulmões de forma abrupta.

Nos ultimos tempos viver se tornou tão fácil. Tudo é tão tangenciável. Alguns dirão: Isso é amor! - Sim! Mas acho que o buraco é mais embaixo. Isso é maturidade. Quando temos maturidade a vida é proveitosa. Maturidade nos faz explorar todo o potencial de um relacionamento, e com isso temos amor, em todo o seu sentido.

A vida é boa sim, está a cada dia melhor. Até quando? Só a entropia sabe. Só nos resta continuar a viagem e torcer para que a estrada continue boa.

sábado, 30 de agosto de 2014

Sobre gatos, universos e carreira



Ladainha de sempre, faz tempo que não apareço, bla bla bla.

Por falar em bla bla bla, escrevi estas palavras na minha tese: bla bla bla, quase morri de vergonha!

Pois é, mas não é sobre minha tese que eu escrevo hoje, nem minha falta de laço. Venho aqui destilar qualquer coisa que se passa por esta mente.

Pois então, vida encaminhada, é verdade. Coração anda batendo feliz, parece que finalmente encontrei o que me faltava, e apesar de isto me assustar um pouco, tem sido bom, tem sido ótimo, acredito que vai continuar sendo. A vida compatilhada não é aquele bicho, pelo menos se é, é daqueles que vc te vontade de morder de tanta fofura. Tenho um amor para vida toda sim.

Hobbies? Cuidar de uma gata esquisita, que adotei a tres meses atrás, e minhas plantas que insisto em cultivar em um cantinho que me resta. Parece que fui um jardineiro em alguma de minhas vidas passadas, ou universos paralelos, ou coisa parecida. Filosofar conta? Não sei se chega a categoria de Hobbie.

Mencionado antes a tese, finalizada, defendida, corrigida e sendo publicada em artigos, nada mal, na verdade tudo belezoca [acho que isso é bem antigo]. Mudei de ares, os mares meridionais não me pertencem mais, e ando agora pela maior selva de pedra do Brasil. Por mais que todos digam que é horrível, possui muitos encantos, e, para viver feliz aqui, é só simplificar: morar perto do trabalho, não possuir carro, usar o transporte público, aquela coisa sustentável e gostosa de ser.

Emprego novo: Tudo lindo, instituição renomada, muita ciência, muito trabalho, muito trabalho, trabalho mesmo. Do tipo: Agenda, reuniões, orçamentos, cartão de visita, escritório, time a gerenciar e comandar, cobrança, etc. Tem sido tempos interessantes.

Aí que mora a questão. Volta e meia me indago sobre minha utilidade no universo. Embora eu esteja amando a pesquisa que estou, ela ainda não é aquela que eu quero. Eu realmente quero contribuir para o mundo, quero pesquisar algo que um dia alguem vá dizer: Ele estava a frente, ele queria um mundo melhor.
Não é o que estou fazendo! Porém ainda não é meu lab. Então fazer o que? Isso me atormenta. 

Eu não estou pesquisando soluções para as mazelas da humanidade. Eu não estou tentatando melhorar a educação, eu não estou tentando ajudar a progredirmos na direção que eu acho importante seguirmos. E isto me angustia. Muito pior, sirvo aos interesses de grandes companhias, que não visam nada além do lucro. Se minha pesquisa atual der certo o que vai acontecer? Uma sofisticada tecnologia chegará as mãos daqueles que podem pagar por ela. Alguém vai lucrar muito com isso, e nada além de uns meros artigos isto irá me render. Nem mesmo isto será de ajuda aos mais necessitados. Puro interesse industrial. 

Isto me angustia, me angustia muito, eu sei, minha única leitora irá me dizer o que ela sempre diz: RESPIRA! Isto vai passar. Mas tenho medo de que isso não passe. O mundo ao que estou inserido oferece outro mundo para que pessoas dedicadas permaneçam sobre suas garras. Modéstia a parte, dedicação nunca me faltou, assim como o terrível defeito que herdei de meu pai: Lealdade extrema.

Eu sei, eu sei, é uma fase, mas fases podem durar uma vida inteira, e eu não gostaria de olhar para trás e ver que meu suor e meus pensamentos serviram apenas ao interesse de algumas companhias e não ao bem de todos...Confere produção?

sábado, 11 de janeiro de 2014

Estes Ordinários Zumbis

Sou eu uma pessoa ordinária?
Há algum tempo atrás eu vi uma charge onde havia um cara no topo de um carro com um tocha, rodeado de zumbis. Na charge dizia ''Onde você pensa que vai estar em um apocalipse zumbi'' com uma seta apontando para o cara no topo do carro. O quadro seguinte mostrava a mesma figura porém dizia "Onde você realmente vai estar'' apontando para um dos zumbis. 
Em nossa mente sempre pensamos que somos especiais. Há uma incrível mágica ilusão que fica a dizer ''Você é diferente dos demais, você não é comum, você é extraordinário''. Mas em momentos como eu estou vivendo agora, esta ilusão não passa de uma leve fumacinha, sendo esbaforida pelas narinas do monstro chamado Ego.
Você almeja ser um grande cientista, você quer mudar o mundo, você pensa que têm potencial. Você sonha com uma vida confortável. Você quer um futuro seguro, um lugar legal, e de vez em quando visitar alguns lugares diferentes. Você quer alguém ao seu lado para viver este sonho e desfrutar da tal da felicidade.
Na verdade estes são os anseios gerais da nação. Qualquer pessoa quer isso. Será que sou nada mais do que um dos zombis? Será que minha vida não terá um significado maior do que satisfazer meus próprios anseios? Minha pesquisa ou minha profissão vai realmente fazer a diferença na imensidão do caos da realidade? Estou eu fazendo meu papel ordinário como membro da espécie? Será que não estou disperdiçando recursos e potencial com coisas tolas que somente terão significado para aquele monstro chamado Ego?
Crise existencial no final do doutorado. Minha mente está vindo com uma haviana número 48 e dando na minha cara, com o lado das tiras pegando mo meu rosto deixando uma marca de V. Qual será o meu legado? Porque eu preciso deixar um legado? Porque eu não abdico disto para ajudar a salvar vidas? Porque eu não estou no meio do deserto levando água para quem tem sede?
Será que lá quando eu estiver com meus 90 anos, e eu estiver sentado em uma cadeira, no meio de uma noite chuvosa, repensando as poucas memórias que me restarem. Será que eu direi que os pulsares do meu coração valeram a pena?
Não acredito que passar 1/3 de minha vida à serviço da burocracia possa ajudar a nossa espécie, ou contribuir para um mundo melhor. Não acredito que pensando somente nos meus próprios anseios eu seria uma pessoa extraordinária. Não acredito que eu estaja segurando uma tocha, nem mesmo tenho fogo ainda para acendê-la.
Toda esta ânsia, por carreira, apartamento, uma vida estável, um lugar para viver, um cachorro, um gato, alguns carnês e muitos impostos. Isto me parece apenas uma fumaça, um bocejo, um redemoinho de vento que se esvanesce, restando apenas poeira no chão.
Eu não quero ser um zumbi

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Saudades ou tempos de segurança?

Saudades, sim, parece que sim.
Hoje bateu uma saudade dos tempos de confusão, dos tempos que eu andava confuso e chorando as pitangas pelos cantos. Não sei, os poucos que realmente me conhecem sabem que curto uma melancolia.
Hoje, cavei e encontrei um momento melancólico, na verdade achei vários. Especiais, tristes, absurdos. Mas de todo modo serviu de alimento a um coração de um estranho. 
Parece mentira como as coisas mudam. Fico triste por algumas, especialmente por aquelas que mexendo no meu baúsinho da confusão,fizeram-me triste. 
Sinto falta de nossos longos papos, de nossas bricandeiras absurdas. Mas cada um  toma um caminho ao qual julgamos que a felicidade está. Eu acho que estou neste caminho, e me parece que minha contraparte está também. 
Estamos a conversar muito pouco, na verdade estamos a conversar quase nada. Mas sinto que queres me dizer qualquer coisa, sinto que queres falar de alguma angústia que te aperta, e sinto por não estar aí te ouvindo.
Aqueles tempos confusos, nos faziam confusos, mas nunca nos deixaram tão distantes como estamos agora. Sinto saudades de sua amizade.
Talvez, como sempre eu esteja apenas balbuciando palavras confusas, sem nexo ou localização históricas. ou não, Talvez seja o final de ano, época terrível para mim e terrrível para você. Para mim continua terrrível, mais do que nunca. Espero que melhor para ti. talvez eu até imagine o porque da tua distância, mas não atrevo-me a julgar ou reclamar, eu mesmo já me distanciei da mesma forma.
Vivos tempos de insegurança? Não sei, acho que quero encontrar a insegurança, em um apelo ao eu do passado, aquele dos tempos confusos. Talvez o que eu deseje lá no fundo não seja esta segurança que tanto me falava. 
Tu me dizias que só querias isto que tens agora. Eu te dizia que tu iria encontrar, tanto eu dizia que você encontrou. Eu dizia que não queria o que tenho agora, mas parece que o que tenho agora é o que não quero ficar sem. Ambos perdemos nossas identidades que exibíamos um perante o outro. E ficamos perdidos. Sem saber o que fazer com o que restou. Na dúvida adotamos a distância. Não gostei disto, mas talvez é por isso que está dando certo para os dois. 
Será que nosso karma irá ficar para uma próxima encarnação? HaHa, seria hilário se não fosse trágico. Que fiques claro, este Capitão andou muito, some, volta, mas nunca esquece de quem é importante para ele. 

domingo, 24 de novembro de 2013

Flauta

Não sei o que dizer, mas acho que estou apaixonado. Sim, há tempos não publico aqui, sei que meu último post eu prometi ser mais frequente. Mas é que tenho um milhão de desculpas pra justificar minha ausência e todas elas exibem um cartaz escrito ''bullshit'. Então pouparei nosso tempo.
Ouvi dizer que más linguas andam dizendo que o tumblr. é um lugar triste. De certo modo eu concordo. Contrário ao Facefuck, aqui não há vidas maravilhosas com poneis cor-de-rosas para serem exibidos uns aos outros. Pelo menos eu só venho aqui quando tenho algo realmente interessante a dissertar [ou que eu acredito ser interessante], ou quando eu estou triste, e de certa forma escrever alivia minha tristeza. 
Bem verdade que eu não tenho andado muito triste. Bem verdade que minha vida não tem havido espaço para dissertar sobre coisas interessantes [do ponto de vista mediano da vida comum]. Bem a ladainha das desculpas começou, vamos lá foco.
Estou apaixonado. Desde que mudei de volta ao Brasil, em meu novo apartamento [alugado, sim não sou tão pobre para um minha casa minha vida, nem tão ''rico'' para um financiamento] me deu uma grata surpresa.
Há uma flauta, [pra não especificar o gênero, afinal eu não sei] em meu prédio. Que em pontos fortuitos do dia e da semana cantarola para mim lindas canções. Do clássico ao pop, lindas. Em uma harmonia infinita.
Belos momentos tenho tido, e quando ouço o chamar da flauta me pego as janelas, olhando para todos os lados, tentando descrobrir qual ser mágico tranforma momentos do meu dia em intervalos prazerosos de sonoridade urbana.
Estou apaixonado por um ser mágico que nem mesmo sei onde está o que é, mas sei que cada vez que ouço seus doces resmungos transversais, meu coração fica batento mais forte

domingo, 23 de junho de 2013

Manifesto sobre o Manifesto - ou, Somos Todos Mal Educados?

Como qualquer um nesta época, acordei confuso, cheio de pensamentos. Saí para uma caminhada no parque. A internet tem bombeado tanta informação que é bom sair pra refletir sobre o que lemos, nestes dias de incertezas.
Confesso que tenho muito mais de coxinha do que de reacionário, mas sempre quis ser revolucionário. Não é minha culpa, eu acho. Criado por pais educados durante a ditadura, cresci sendo induzido a pensar que qualquer reação ou protesto é sinônimo de baderna. E qualquer pensamento diferente do senso comum me levaria a ser preso ou morto. Não é culpa deles também.
Enquanto surgem idéias fascitas em meio a indignação alheia, surgem também desconfianças de um golpe. Ninguém sabe de onde ao certo, mas o clima está para isso. Coincidências, padrões, segredos, revelações estão levando aos céus os conspiracionistas. Confesso que ando pensando o mesmo, mas o que quero é foco.
Umas três gerações estão indo para as ruas para protestar, niguém quer ser coxinha,todo mundo quer ser reaça. O que falta é autocrítica e discernimento. Várias pessoas mais habilitadas do que eu já expuseram os motivos, o estopin, e tudo mais. Não vou repetir. Mas a realidade agora é que: Esquerdistas, reacionários e revolucionários estão com medo do carácter desorganizado e não uniforme da massa. E não é à toa. O tão sonhado protesto em massa de muitos pode ser usado como ferramenta de manobra dos oportunistas.
A realidade meus amigos é que somos mal educados [tanto que nem sei se isso é com hífen ou não]. A grande massa não sabe história, a grande massa não gosta de política, é revoltada, mas não pensa muito bem nas consequências da palavra ou de sua revolta. A grande massa são o mesmos que compartilham diariamente fotos de bichinhos fofos, horóscopo e enviam correntes.
Mas não cabe aos esquerdistas, centro-esquerdistas, reacionários, revolucionários se retirarem do movimento. Não, mais do que nunca vocês tem um compromisso com o futuro do nosso país. Isso não é o problema e sim a solução.
Não cabe ao manifestante de carreira, denegrir, julgar, segregar ou boicotar. Caro reaça, você é o professor, você tem a experiência e você tem a oportunidade de educar e acessar a parte ''tô nem aí'' da população. E acredite, contrário a outros tempos, desta vez eles irão te ouvir. Não deixe de ir aos protestos, não se segregre, e sim vá para o meio e espalhe seu aprendizado. Não importa se você não carrega uma bandeira, suas idéias é que importam no momento.
Sempre fui o chato que falava de política para meus amigos, e cada vez mais acho que devo aprender mais, e a cada protesto, a cada discussão, a cada ponto de vista diferente estou aprendendo e mudando idéias, tendo outras, adquirindo segurança. Meus amigos que odiavam política estão começando a se preocupar com o futuro do país e estão desenvolvendo um senso crítico valioso, E eu não quero que isso pare. 
Mesmo com risco de golpe, os protestos não devem parar. Não vamos perder a mais valiosa oportunidade de revolução de pensamento na história deste país.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Qual é o problema agora?


Qual é o problema agora? Ontem fui dormir feliz, haviam ''tomado'' o Congresso Nacional, as ruas das principais cidades estavam cheias de pessoas se Manifestando. Hoje acordei com políticos assustados, com mídia arrependida, com o povo discutindo e todo o lugar e dizendo ''é isso mesmo, tem que fazer isso''. Ao meio dia se multiplicam textos DISCRIMINANDO os manifestantes. Qual é?? Partidos estão com ciúminho que não querem bandeiras no meio?? Pouco me importa se o cara que ta ali do lado é coxinha, risólis ou pastel. Pouco me importa se é um cagão de 18 anos ou um de 81. Não me importa se é da classe média, da baixa, da periferia ou da burguesia. De repente vejo pessoas disseminando a desunião daquilo que demorou tanto tempo para ser unido. E daí que o fulano não esteve desde o início, me importa que ele veio junto comigo lutar, e que ele vai trazer mais gente. E daí se ele não quer quebrar o pau? Eu sou pacifista, e daí? Eu ainda vou gritar, eu ainda vou pra rua, e ninguém vai botar o dedo na minha cara dizer que eu não me importo ou que eu não devo estar ali porque eu não sou de partido algum. Todo ativista sempre reclama que ninguém se importa, quando uma geração de preguiça resolveu levantar a bunda vocês querem mandar eles de volta para a frente do computador? Ainda grito: VEM PRA RUA!!!!!!!!!!!!!

domingo, 16 de junho de 2013

Vem comigo?

Aqui no tumblr do capitão tem umas fotos muito bonitas dos protestos de Porto Alegre. Eu estou achando lindo o despertar de uma sociedade. E começou aqui. Vamos continuar? Vem comigo.

Mudou, sim, mas mudou para melhor


Este blog mudou.

Sei que tenho poucos leitores, confirmados só eu e minha amada de outra vida. Mas há tempos que ando querendo reformular este espaço [na real desde que começei].

Por muito tempo isto foi um espaço de mimimi, depois virou espaço de fotografias [que eu fotógrafo frustado tirava] e depois voltou a ser mimimi, e então devido a falta de tempo, virou em saudade.

Pois agora o blog asmemóriasdeumcelular virou Capitão Minuano.

Porque Capitão? Bem capitão lembra autoridade, mas lembra também revolta e liderança. Bem sempre fui um anarquista, esquedirsta à paisana. Nascido em um lar de direita, era como mais uma coisa a acrescentar na lista de desgostos da família.

Porque Minuano? Porque adoro o vento, porque sou do sul, e quem conhece a palavra, Minuano á o nome do vento que vem do sul e traz as tempestades e as frentes frias.

Juntando tudo, o Capitão Minuano vem do sul para tentar ajudar a revolucionar. Especialmente nestes tempos de mudança de mentes, onde uma geração ou duas, começaram a acordar e ver que todos somos responsáveis pelo futuro deste país.

Mas calma, não vou sair numa explosão de idéias, filosofia e extremismo. Aos poucos o Capitão vai aparecer, provavelmente este espaço será de opiniõa. Para onde vai seguir, bem isto vai depender do vento.

Que venham as tempestades, minha nave está pronta para domá-las

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sobre sapatos e pais


Engraxando meus sapatos [sim eu os engraxo, meu pai me ensinou que a personalidade de um homem reflete-se no seu sapato]estava pensando que jamais vi um engraxate aqui em Manchester. A Inglaterra não tem mais engraxates? Pensando em Londres, Birmingham, Buxton, Edale, e demais cidades e vilas, não lembro-me de ter avistado algum destes nobres trabalhadores.

Engraxar sapatos não é fácil. Exige perícia e certo grau de treinamento. Com o tempo passa ser simples, mas na primeira vez, sempre somos um desastre. Na minha primeira vez eu saí com meus dedos pretos e o sapato mais lambuzado que criança comendo picolé de chocolate.

Mas o que teria acontecido com os engraxates da Inglaterra? No Brasil ainda há, em Porto Alegre eles residem na Praça XV. São senhores de famíla com cadeiras azuis relativamente confortáveis. Mas o que ocasionou este sumiço, aqui?

Bem, desde a Dama de Ferro os Ingleses aprenderam a fazer mais com menos. O faça você mesmo impera na classe média e trabalhadora. Os ricassos estão tão ricos que jamais colocam o pé na rua. Não há mais condições de alguem ganhar dinheiro com isso. Porém os mendigos continuam a pedir, sempre, e em cada esquina. E tende a piorar.

Eu engraxo meus sapatos, tenho certo cuidado que beira ao transtorno compulsivo. Devem estar sempre limpos e meu pés precisam estar e aparentar limpeza. Meu pai me deixou assim, não reclamo. Meu pai foi bastante ausente em minha infância, e na adolescência eu fui ausente a ele. Eram raros momentos em que ele estava presente ou procurava uma aproximação, assim como eu. Quando criança eu via ele engraxando os sapatos, então de mansinho me aproximava e sentava ao lado dele. Ele então ensinava-me como engraxar os sapatos, e o quanto importante era ter os sapatos limpos em todas as ocasiões. Toda vez ele dizia a mesma coisa, todas as vezes eu escutava-o e sorria.

Espero que os pais de hoje façam a mesma coisa. Mas a nova geração não usa mais sapatos, a não ser em ocasiões solenes, onde vão com o sapato sem engraxe, ou com o engraxe que algum pai ou mãe teve o cuidado de fazer, mas não de ensinar. 

A personalidade de um homem é refletida em seus sapatos. Quando estou de cabeça baixa por alguma situação que a vida mostra-se injusta eu sempre avisto os meus sapatos. E eles sempre refletem o caminho à frente, aquele que preciso trilhar e jamais o caminho que deixo para trás.




domingo, 9 de setembro de 2012

Entropia

Em um súbito abri meus olhos. Ainda era noite, conferi cegamente o celular. Imaginei que seriam 3:53 da madrugada. Em raros momentos de insônia esta é a hora que meu organismo me desperta. Ha tempos isto acontece. Geralmente precedido de algum evento que vai bagunçar a minha vida.

Conheço este súbito. Peguei um copo dágua, embora quisesse mesmo um gin tonica. Abri com dificuldade a janela. Não tenho força ao despertar. Aquela diabólica brisa morna veio ao meu encontro. Pensei que isso só acontecesse no Brasil. Ouvi o barulho das folhas nas arvores e daquelas que precocemente já estavam no chão.

Sinais evidentes de que a Entropia estava por agir. Esta vadia sem coração que bagunça minha vida. Estava tudo muito acertado, pelo menos o plano para os próximos três anos. A poucas semanas atras os novos planos foram finalmente terminados. Estava começando a mover as variáveis da equação para que de alguma forma influenciasse o caos a fluir de acordo com meu agrado. Sabia que acabaria chamando atenção dela. 

Tentei ver alguma estrela. Não consegui, sinto falta do céu estrelado de minha adolescencia. Daquelas noites que saia escndido para o telhado. Olhei as folhas. Continuavam agitadas. O outono ainda não chegou aqui, mas já havia amarelado algumas arvores.

Fui até a cozinha, um café viria em boa hora, já que não posso fazer um chimarrão. Não adiantaria tentar dormir. Eu não conseguiria. Fiquei a esperar a notícia que certamente chegaria em algumas horas. Sem qualquer sentimento de ansiedade, tristeza ou aflição. Taopouco felicidade ou alegria. Eu sabia que algo viria. Se fosse bom ou ruim, isso só o tempo mostraria. 

Olho o Facebook, esta porcaria não é mais o que costumava ser. Lotado de gente com necessidades psicológicas evidentes ou pura falta de laço. Poluido, não consigo mais acompanhar quem tem algo importante para dizer. Um mar de mensagens de alto ajuda. De preconceito, de religião ou causas próprias. Marés sem  fim de plágios inconsequentes, que em oitenta por cento das vezes, é postado sem um nanosegundo de pensamento sobre o real significado. Futilidade, por demais. Futilidade, falsidade. Mil teorias comportamentais se confirmam ali. Não precisamos mais de macacos.

Volto para a janela. O vento amornado se foi. Quer dizer que aquilo que vem ao meu encontro está a caminho. Seja lá o que foi que está por ser comunicado, já foi despachado. Notícias voam em tempos digitais, melhor, se teletransportam.

Abro minha caixa de e-mails. O título do e-mail já causa a surpresa que estava por esperar. Clico, leio e suspiro. Tres anos de planejamento jogados ao vento, queimados e submetidos à vácuo. Uma nova janela se abre em minha frente e exibe um letreiro luminoso em letras garrafais: PULE.

Misturado a adrenalina do momento e os sentimentos de felicidade e realização depertos pela notícia, vem o desapointamento. Fecho o computador. Lavo a caneca. Volto para a cama.

A vida acaba de ser bagunçada mesmo, e pela teoria do caos, nao há muita coisa a se fazer a respeito, pelo menos por enquanto. Volto a dormir, enquanto uma vadia sem coração bagunça o Universo

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Flashback de outro universo.

Entrei naquele prédio caindo aos pedaços. O que foi um dia eu não sei, mas se foi, foi a muito tempo. Hoje mesmo com aqueles buracos no teto, ganhara uma nova vida. Fazia bem o estilo dela. Provavelmente se eu fotografasse alguns cantos bagunçados daquele lugar conseguiria algumas boas chapas em preto e branco. Mas minha ultima empreitada me tomou muito tempo. A máquina fotográfica estava esquecida em algum lugar da minha biblioteca.

Um pouco mais ao fundo, com pouca iluminaçao, estavam alguns amontoados de hormônios, adolescentes, que pulavam corda freneticamente. Alguns de longos cabelos, algumas de cabeça raspada, outras parecendo um filme hollywoodiano, com maquiagem excessiva e olhares perdidos nos rapazes de corpo esbelto.

Ao redor de um ringue improvisado, aparelhos para o treino. Alguns novos, outros não. No centro do ringue, rodeada por seres bufantes, estava ela. A mesma de sempre. Roupa preta, cabelos malucos, óculos, um tênis desgastado. Sorria e arregalava os olhos, fazia cara de má. Apontava o dedo, e mandava o rapaz loiro pular direito. De vez em quando rodeava um e dava um sopapo, de leve, na nuca. O velho sinal de afeto.

Quando há tempos atras ela me contou que iria tirar a  licença para boxe, não acreditei e pensei que seria mais um papel para enfeitar a parede da casa dela. Mas não. Formou uma escola, pra botar na linha aqueles delinquentes enrustidos de espinhas que rondavam o bairro. As mães estavam agradecidas

Enquanto pulavam, a central de midia tocava músicas que nenhum daqueles fedelhos conhecia, foram sucesso a tempos, em nossos tempos. Ninguem me viu entrar, a não ser um ruivinho que era tímido demais para me delatar. Ela estava de costas para a porta do então Ginásio.

De mansinho, tirei o blazer. Abri minha mochila, havia o tênis e as luvas. Tudo friamente calculado como de costume. Arremanguei as calças a altura do joelho. Meus tenis brancos contrastavam com as meia pretas. Não era uma boa roupa para o treino. Mas o que valeria era a surpresa em ser visto. Há tempos não nos viámos. Sempre o universo estava a conspirara contra nós. Embora encontrasse ela na rede de tempos em tempos. Nossas rotinas diferentes mas igualmente cheias causavam desenconros.

Estava concentrada em contar um história engraçada, daquelas que só ela consegue vivenciar. Os adolescentes, pareciam estar em transe. Ela sempre impressionava, especialmente os mais novos. Ela parecia feliz. Calmamente entrei no ringue. Duas mocinhas me analisaram dos pés a cabeça e sorriram.
Ela notou o sorriso. ''Que foi falei besteira?'' perguntou em tom crítico. As mocinhas sorriram de novo, desta vez com barulhos ofegantes. ''Que foi?'' ela perguntou em tom preocupado. Me preparei, sabia que minha presença seria revelada. Pus-me em guarda. As mocinhas disseram '' Treinadora a senhora tem visita'', ela se virou... Toda uma vida de lembraças coube em apenas um olhar.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Trem XIX

Sentado na estação de trem [como eu adoro a dinâmica dos trens, com como dizem os britânicos ''The Rail'']. Observo os seres que passam por mim, é um encanto poder notar as figuras que se apresentam. Um mulher prá lá de meia idade, em um longo vestido vermelho, com botinas pretas caminha tranquilamente, em direção a uma das plataformas, tem um olha satisfeito, feliz ou chapado. Passa por ela apressado um executivo, com seus moccasins brilhando mais que a prataria da rainha, e seu terno impecavelmente passado, parecendo que foi costurado no corpo, ele quase corre, ou seja aquele momento que todo mundo ja passou em que voce quer correr mas não corre. Tenta se sobrepor ao mar de zumbis, sim, problema comum na Inglaterra, zumbis estão por toda parte, temo logo chegará no Brasil. Malditos smartphones e suas variaçoes iphonológicas.
No lado oposto, um moço bem despojado [despojado, riponga mesmo!] caminha com suas botas enlamaçadas e com uma bolsinha onde sabe lá o que se esconde dentro. Como a dama de vermelho e botas pretas, tem um olhar tranquilo, olha para um telão, acredito fielmente que está a ver mais que apenas letras,  porém eu [invejoso] só consigo ver letras, gostaria de ver mais.
Desvio meu olhar, uma mocinha em vestido de boneca corre em direçao a duas senhoras, chegando perto grita UHAA! Todas riem, se abraçam, juntam a bagagem e se vão. Um senhor muito distinto, portando uma bengala lê atentamente o jornal, suas sombrancelhas exibem preocupação, mas sua face mostra uma doçura sem fim, de quando em quando, dá um gole em um café, ou chá? Ou run? Bem não sei.
Oficiais passam por mim, senhoras empurrando um carrinho, um senhor gordo do lado de fora anuncia o fim de mundo, como se ninguem soubesse, ou melhor, como se só ele soubesse.
A estação moderníssima perde um pouco no charme para uma estação do século 19, mas tem seu encanto e seu próprio carisma. Não há sapateiros, correios, banca de flores, Bancos em madeira  e metal, luminárias a gás com sua chama verde. Não há senhoras em longos vestidos, banca de peixe, ou um moleque em calças curtas furtando a carteira de quem passa. Não há telégrafo, não há outro rapazote gritando extra extra. Não há fumaça saindo das chaminés dos trens, nem mesmo há chaminés.
Em vez dessas coisas antigas e bonitas, eu vejo uma loja de sushi, no melhor estilo japonês, ou seja, bem louca. Uma pilha de Lojas de conveniencia, há uma banca de chapéus, gravatas, lenços e cintos que resiste ao tempo com preços exorbitantes. Grandes franquias de café, oficiais com seus coletes verde fluorescente, como se não bastasse o chapéu que parece uma bacia com um distintivo encravado. Alguns funcionários do Jornal gratuito distribuem exemplares, de  forma silenciosa e educada. Os guichês que vendem passagens estão sendo substituidos por máquinas automáticas, onde senhores e senhoras idosas se esforçam para enchergar as letras. Os trens são rápidos, precisos e silenciosos. Os apitos se mantêm. assim como os trilhos, mas a fumaça se foi e somente a eletricidade corre nas veias dos monstros de ferro. luminarias de led clareiam até a alma do demônio, não há penumbra, nunca. Bancos de metal, no formato da curva de sua coluna esfriam a traseira de quem senta. Os caixas eletrônicos são os mais frequentados, e nem mesmo os pombos deixaram de voar furtivamente pela moderníssima estaçao. Câmeras por todas as partes, registram o andar furioso de uma sociedade sedenta por informaçao, mas impaciente para desfrutar os pequenos prazeres que uma estação de trem pode oferecer... ahhh século 19, porque fugiu de mim, sem que eu se quer tivesse a chance de te conhecer?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Relato de um Alferes



Sobre o Capitão? Para que é isto? É do Ibope? É do erreagá? Tu vai contar pra ele?
...
Ok então. Mas é um pouco difícil falar do Capitão. Sabe ele é meio misterioso. ''A gente'' nunca sabe o que se passa na cabeça dele. Mas acho que todo capitão é assim né? Como é o seu? Num tem? Sorte sua!
Estou brincando o Capitão é gente boa. Ou pelo menos ele passa essa impressão né. É que é assim. Num conta pra ele não tá? Mas ele é meio estranho. Gosta de estar sozinho, sempre, mas fica triste quando os amigos não estão ao seu alcance. Ninguém nunca sabe o que ele quer.Se diz que vai almoçar em tal esquina,  tu pode procurá lá, mas num vai encontrar. Ele foi pra outra. Num é voluntário não, ele apenas faz isso. Muda de idéia a todo momento. Vai ver que é por isso que ele anda sozinho né? Ele é meio bravo, mas quando ta no meio da roda de conversa, assim quando a gente se reúne no convés pra espantar o tédio, ele parece uma criança sorrindo. Mas as vezes ele age de maneira tão fria. Dizem que não tem sentimentos. Que é daqueles tipo saicóticos sabe?
...
Num sei, pra mim ele é jóia. Sempre que precisei meu ajudou. Sabe qualquer problema que tu leva pra ele ele dá um jeito de resolver. Mas se tu puxa conversa, sabe sobre intimidade. Tu sabe né, home tem essas coisa de comentar sobre o que aconteceu ou deixa de acontecer. Ele não, ele só ri, e se alguem pergunta alguma coisa ele solta um palavreado que a gente fica com vergonha de dizer que num entendeu. Mas as má lingua comentam, comentam. Dizem que deixou mulher e fio por esse mundao. Dizem que ele teve uma penca de fio. Dizem que já deixou muié diziludida di monte por ae. Dizem que nao gosta das coisa. Dizem que gosta de outras coisa. Dizem tambem que ele é tipo sacino sabe, que mata escondido. Vishi, tem história de monte, mas isso é conversa de marinheiro entediado. A verdade só ele sabe. Mas uma coisa é certa, num há uma alma nesse mundo que conhece ele de verdade. Quem sabe haja no outro, mas deusmelivreyguardi.
...
Muita gente acha que um dia ele vai sumir sabe, que nem bruxaria. Num sei não, mesmo sendo frio, ele sempre se preocupa com a famía. Sabe, famía é coisa sagrada pra ele. Uma coisa que eu posso dizê é que ele nunca deixa de terminar alguma coisa que começou. E é áspero, putaqueopariu aquela linguá é mais afiada que o gancho do Capitão Gancho. Só por isso ele tem inimigo de monti espaiado por esse mundo.
...
Eu ainda estou com ele porque ele é um bom Capitão né. Nunca deixou o navio afundar. A maioria dos lobo aqui são companheiro veio de guerra. Neste navio só se sair quando morre, ou ganha na loteria ou quando casa. Do futuro eu num sei não, só faço o que me mandam. Mas te digo que quando tem tempestade, as vezes eu penso que é o Capitão que leva a gente pro meio delas. O oio dele bria no meio de um furacão. Ele fica no convés rindo, as veis chora, mas parece que ele atrai tempo ruim. Me arrepio todo só di pensá nisso. Vai vê ele ta tentando ir pro fundo do mar, ou pra cima das nunvem né? hahahahahahahaah

domingo, 15 de julho de 2012


E vamos curtir Elis um pouco?
Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais
Belchior / Elis Regina

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O tal de Hiking



Feliz [coisa rara hoje em dia] eu fui para o tal de hiking, pra quem não é acostumado com o termo [nem eu sabia] são as tais das caminhadas em lugares inóspitos que os Ingleses adoram. E é coisa séria viu! Minha companhia disse-me que seria uma caminhada leve, coisa perto de oito kilômetros [montanha acima!], porque eu não era acostumado.

Bem, lugar maneiro, pé do morro, fazenda de ovelhas [coisa mais britânica], tudo muito organizado como sempre, deixamos o carro em um estacionamento, a beira da rodovia. Passamos pelos banheiros, uma lojinha [Inglês nenhum deixa de tentar lhe tirar dinheiro]. Pessoas vermelhas de exercício passavam por nós. No começo da trilha um simpático fazendeiro, com suas calças de pescaria e seus lindos e simpáticos sheep dogs nos recepcionaram e indicaram as melhores direções.

E aquela chuva fina começa [capaz que não]. Ok seguimos, passamos por riacho, ovelha [béeeee], riacho, pedras, muitas pedras. Em meio a isso tudo o brazuca aqui falando sem parar. Discutindo sobre as árvores, sobre as pedras, os fungos das pedras, sobre as ovelhas [béééé], os cachorros, os riachos, a cor da água do riacho, quais íons que originavam aquela cor. Sobre a segunda guerra, sobre a vida, o universo, tudo. 

Parada no meio do caminho, hora do picknik [coisa de filme], e o povo se farta no bacon, chá, e é claro chips. Um pouco mais adiante de nós uma mãe e seu baby param também [baby de cólo, imagina a gripe depois]. Programa típico da Inglaterra: se você cansou de tomar chá em casa ou cerveja no pub, vai caminhar no campo e tomar chá ao pé do morro, e na volta passa no pub. Todo mundo vai, velho ou novo, mulher ou homem, baby, tudo xunto reunido, ou não.

Continuo a dialogar [capaz]. Não importa o quão cansado eu estou, sempre preciso conversar. Muitos passam por nós, e como de prache eu noto que todos estão muito sérios, quietos e concentrados em caminhar. Pergunto a minha companhia de caminhada o porquê de toda aquela seriedade e recebo a resposta seca: '' É assim que se aprecia uma caminhada''.

Aceitei a resposta com um sorriso cinza, porque amarelo ofusca tudo neste clima. Continuamos a caminhar em silêncio. Cinco minutos depois já estava teorizando a origem de tal comportamento [em voz alta]. Brasileiro não desiste nunca.

domingo, 8 de julho de 2012

sonhos.zip

Não terminei ainda mas aqui vai o metas.zip [sonhos] para a volta para o Brasil:


  • Umlindoapartamento.home- onde viverei somente com meu gordo, feio e estúpido bulldog;
  • bulldog.love, ao qual deixarei ficar bem gordo, não treinarei para que seja bem estúpido;
  • doc.Pós-doc [?] - arquivo em construção.
  • [                            .0_0 ] - arquivo privado de conteúdo bombástico, não quero estragar a surpresa.
  • [                            . fam] - arquivo só existe se compartilhado, requer licença.
  • bike.exe - porque é cool e ajuda a manter o corpito.
  • cirurgianoombro.exe - arquibo danificado, requer reparaçao.
  • emprego.edu - arquivo requer concurso.
  • amigos.trojan - vírus, este arquivo pode radicalizar seu computador.
P.S. não necessariamente nesta mesma ordem. tempo estimado para descompactação: 5 anos.

sonhadores.pdf

Um sonhador passa a vida a se enganar. Primeriro a fazer seus planos, depois a realiza-los e por fim ao contemplá-los. Se esquecemos que há mais que uma variável na equação, ou seja, não depende só de você. Um sonhador antes de tudo é um egoísta. Não de um modo feio e humano. Mas apenas sugando o conceito da palavra: pensa em si antes dos outros.

Sou um sonhador, e conheço muitos outros aos quais gosto de partilhar sonhos. Mas as vezes o sonho que partilhamos se mostra completamente desfigurado para o segundo envolvido. É como abrir um arquivo .pdf em .doc, está tudo lá, absolutamente tudo, mas parece a visão do inferno. É só uma perspectiva diferente.

Aqueles que conhecem a estatística dirão "É uma questão de PCA [Principal Components Analysis], aplica um PCA que tudo se  resolve". E aqui poderia citar um  link com a explicação do pinguin, só que não. [esta expressão é fantástica, esperei minha vida toda por ela]. Mas o conceito se aplica sim.

Enfim, nossos planos podem parecer desfigurados para outras pessoas, pois estas, em seu modo sonhador também tem os seus sonhos. O que acontece em geral quando querem partilhar um sonho ''em comum'' é que a nuvem de mimimimie pó mágico [arg!] de cada um se sobrepõe com a outra. O resultado, descontando a aniquilação de matéria e anti-matéria, a energia escura e os malditos bósons de Higgs, é o que realmente cada um queria na realidade, ou o que cada um permite-se ter.

Pragmático? Sempre. Frio? Desumano? Não sei. Mas se nós deixarmos de acrescentar toda a [hiper] tristeza, [hiper]felicidade e [hiper]drama que sempre acrescentamos pela nossa natureza criativa, é exatamente isso que se resume a situação.

Todos queremos a felicidade, é totalmente hipócrita dizer que não. Todos esperamos sermos felizes, mas o que a vida nos apresenta geralmente é um arquivo .pdf e pra variar sempre tentamos abrir em .doc, o que é melhor fazer, não sei, não sou o dono da verdade, mas tento sempre fazer uso dela.

Falando em verdades, dize-las sempre machuca, sempre. Por isso a mentira é tão popular. Geralmente ela é servida de uma acompanhante muito doce: comodismo. Bem, doce não é meu favorito, e o amargor da verdade é como chimarrão, depois que se acostuma, você não fica sem.

Bem depois de todo esse mimimimi filosófico, apenas deixo uma recomendação: Não tome atitudes sem fazer uma análise PCA dos dados, sério, o cenário que parece horrível, na verdade pode esconder um janelinha para um mundo novo, voce apenas escolheu a componente errada, ou deixou de incluir todos os dados.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A vida tem sido boa, eu não


Meio da semana, estou eu a esperar [isso soa meio portuga né] na estação de trem de Birmingham. Sentado em um banco qualquer, munido do pior e o melhor da década de 90 em meus ouvidos. Fantasmas passam por mim. Garotas com tops e calças de tactel bufante. Seus rostos inconsequentes mostram uma época diferente do que vivo hoje. Somem em um piscar. De repente tudo fica preto e branco, alguns palhaços e uns caras extremamente apáticos tocam  um violão e choram por ter espancado seu irmão. Se esvaiem em fumaça depois de alguns minutos. Dançarinas frenéticas surgem pela escada, balançado seus quadris, acompanhando um cara em calça saruel, que dança tão frenenticamente quanto elas no embalo de uma música cheia de paradas e frases repetidas. Logo são seguidos por alguns cabeludos de camisa xadrez muito loucos, tão loucos quanto são agora.

Entre estes fantasmas que florescem em minha vista, penso eu, como era minha vida em 97? Triste, a única coisa que me fazia feliz era a música que me chegava através de um estação de rádio que era ouvida em um walkmann vermelho do tamanho de um tijolo. Não havia muito o que fazer, a adolescência é complicada para espirítos revolucionários em um cidade pequena. É triste ansiar por opçoes culturais e não poder saciar. Lembre-se que naquela época, internet era coisa rara, muiiitoo rara
.
Vem então o suspiro: “ a vida tem sido boa para mim”. E tem sido mesmo. Cá estou [oôh maldito portuga, sai de mim] como planos de uma vida sendo realizados. Agora como bom sonhador estou a planejar [este gajo encomoda] o que vem pela frente. Não me julgue. Sou calculista, e na maioria das vezes frio. Planos estão a ser construidos delicadamente, pensando-se em todas as variáveis, atitudes e ações a serem tomadas. Não sei se serão realizados, provavelmente sim. Muito do que planejo não agradará muitas pessoas, aliás a maioria. Muito do que planejo vai causar uma tormenta tão grande que a única coisa que desejarei depois disso é a calmaria. Elá virá mais cedo ou mais tarde. Muitos dos meus planos já causam amargor em minha língua, desde já. Mas bem dizia o cara que, não merece o doce quem nunca provou do amargo. O problema é quando começamos a preferir o amargo ao doce. Quebrarei muitos corações. Como é de rotina.  Alguns outros se aproximaram de uma forma que acredito que será para toda uma vida, não da forma tradicional que se pensa dessa frase. Não faz muito sentido, mas em um turbilhão faz. Revelações chocaram! Como em toda época revolucionaria.

A europa me mudou, não o que havia em meu interior, mas mudou a forma com que eu mostro isso. Mudou a casca que levei anos construindo, cimentando e mantendo firme para que eu me sentisse engajado. Doce ilusão, afinal estava me excluindo cada vez mais da realidade e vivendo uma fantasia tão falsa quanto uma nota de tres reais. O que aprendi e o que ainda aprenderei não tem preço.
A vida é boa comigo... espero um dia poder retribuir.

domingo, 24 de junho de 2012

Verdades sem meias palavras

Domingão... Nublado... Nada para fazer (ou muito)... Acordei com minha veia filosófica latejando. Sem muita enrolação (porque eu não estou afim de enfeitar texto hoje) vamos ao tema do título:

  • Somos simpáticos por interesse, não há excessões. Você simplesmente é simpático porque espera o mesmo da outra pessoa.
  • Homens são todos românticos, todos, porém temos preguiça de o sê-los. Pois uma vez mostrado o romantismo, a outra pessoa sempre vai esperar mais.
  • Ainda somos e vivemos como os nossos pais.
  • A aparência importa sempre. Porém o conteúdo é que vai manter a pessoa perto de voce depois de 15 minutos.
  • Todo trabalho que você faz é na esperança de um dia não precisar fazer mais nada. 
  • Niguém é tão bom quanto parece. Uma pessoa que é boa o tempo inteiro esconde alguma coisa.
  • Religião é o ópio do povo. Sendo assim domingo é dia de... Doooorggasss Mano.
  • Eu sou sociopata.
  • Uma carranca vale mais que um sorriso. Nenhum idiota se atreve a chegar perto de alguem carrancudo. Somente se arrisca quem realmente tem algo importante a dizer.
  • Gosto de estar na companhia de pessoas inteligentes... Logo... morrerei sozinho.
  • Gostar de estar entre pessoas inteligentes não o faz inteligente. Apenas disfarça sua ignorância.
  • A saudade cega. 
  • Carência é um dos piores sentimentos humanos. As piores besteiras da minha vida foram feitas por carência.
  • Aprendemos mais estando em silêncio do que falando. 
Chega.

domingo, 20 de maio de 2012

Melancolismo

Sou um sujeito melancólico, tenho de adimitir.
Cheguei a esta conclusão analisando um dos meus prazeres: o Jazz. Oh god, como eu gosto desse ritmo, dessa arte e desse tempo.

Quando estou sozinho em meu laboratório Dinah e outras divas me fazem companhia. Gosto de cozinhar ao som de Jazz. Oh tardes de sábado são tão melhores ao som do Jazz. A melodia e as letras são melancólicas, quase sempre, e provocam este sentimento em quem houve.

Sou melancólico sim, não só porque gosto do Jazz, mas adoro o passado. Tudo que parece pertencer a outra vida me agrada, especialmente início a metade do século 20. Gosto muito disso, realmente desfruto de momentos de melancolia.

Talvez por isso gosto de escrever, de ler, reler. Estou sempre mudando de lugar porque gosto de lembrar os lugares anteriores. Talvez por isso não cultivo longos relacionamentos, porque necessito melancolizar aquilo que me agrada.

Melancolismo, um vício interessante. Para mim especialmente. De vez em quando, quando estou escutando a tradução sonora da melancolia, adiciono mais alguns vícios, que por agora são apenas prazeres soturnos. Um cigarro, um copo de vodka, um sofá confortável com uma janela onde eu possa olhar para o nada enquanto mergulho em lembranças antigas, algumas que nem mesmo são minhas, mas agradam-me ao passar por minha mente.

Fico assim por horas em uma espécie de transe. Na tarde de hoje foi um destes momentos. Intensificado pela saudade do meu país, dos meus amigos e da minha família. E acredite foi a melhor maneira de fechar a semana.

terça-feira, 6 de março de 2012

50 %

Para quem não está acostumado as nomeações, quantificações e demais redemunhões da ciência talvez isso soe desnecessário..

Mas quero registrar aqui que hoje obtive exatamente 50 % dos meus resultados, ou seja, estou a meio caminho de fechar minha tese.

Só para sentir o gostinho de vitória que isso representa. Hoje eu obtive a confirmação do que eu postulei a três anos atrás, durante o início do meu mestrado.

Levou três anos de noites mal dormidas (mentira, tenho ótimo sono). Ok três anos de muito trabalho, leitura e experimentos (diurnos e/ou vespertinos).

Meus resultados estão a florescer 1 semana antes de minha partida para outro país. Neste momento a vontade de ficar e continuar a meter a mão na massa é incrível. Mas a Inglaterra está me chamando. Posso ouvir de longe a Rainha sussurando. Infelizmente minhas queridas moléculas, fungos, células e fótons terão de ficar aguardando minha volta.

Mas 5o % é 5o%.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O vento...



Altas horas, o sono vem, mas não quero dormir, procuro freneticamente algo na internet. Não sei o que é, mas me faz seguir apesar do peso das pálpebras. Esta ali, quase chegando. O vento bate minha janela, noite escura, vento gelado. Mais um gole, apenas um.
O que estou a esperar? O que estou a procurar? Quando penso nisso um vazio me vem atormentar. Um grande vazio, que me faz parar de pensar para que a dor cesse. Esqueço, evito, enlouqueço. Toda vez que fico novamente a pensar, logo passo a evitar. Nada sai do lugar, nada me faz lembrar, ou saber, mesmo assim, não quero esquecer.
Ainda não sei o que eu não quero esquecer. Da mesma forma que tento lembrar, algo me diz para parar. O vento, novamente o maldito vento. Meu companheiro de muitas noites, meu rival de muitos entardeceres. O que ele está tentando me dizer? Ou talvez é ele que quer me distrair. Não eu preciso saber. Mas este vazio, novamente me atormenta, é tão doloroso. Não quero mais, preciso encontrar, mas o que? O vento novamente bate a janela... Mais uma vez esqueço de continuar a pensar, de continuar a me atormentar, preciso preencher este vazio, e como é vazio... O vento...

(post antigo que embora escrito ainda não havia sido publicado

Grandes cidades, grandes histórias...


Sempre encantei-me com grandes centros urbanos, com concreto, com prédios antigos ou novos. As cidades chamavam-me desde pequeno. E como nascido e criado no interior sempre busquei a liberdade da cidadela que me deu origem. Primeiro passo, cidade vizinha. Minha querida Santo Angelo. Não é muito grande coisa, mas aspira história e vontade de crescer. Cursei a minha graduação feliz por estar em uma cidade de quase 100 mil habitantes.

Depois no Mestrado, um grande salto, Porto Alegre. Talvez o meu lugar preferido no mundo (ainda não conheço o mundo mas sinto que meu lugar é aqui). Porto Alegre é uma cidade ideal. Com seu modesto 1 milhão e meio de habitantes explode em cultura, história e bem estar. Uma cidade de oportunidades.

E agora no Doutorado, Manchester, Inglaterra. Mais uma vez um grande centro, principalmente berço de cultura e da história. Foi lá que a revolução industrial começou. Cidade que lançou muitas bandas de rock. Vizinha da conhecida Liverpol.

Parece que mesmo sendo das exatas, a história e a cultura estão a me encontrar, em qualquer lugar que eu vou.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Pubs e recomendações...


Uma vez uma amiga me disse que não importasse o estado da minha mente, eu sempre sabia onde eu me metia. Quando escolhi meu orientador não foi uma escolha consciente. Na verdade eu o procurei porque ele tinha uma bolsa a oferecer em uma área diferente daquela que eu não queria.

Quando ele mencionou a palavra Síncrotron, na hora eu aceitei. Eu não tinha a mínima ideia do que aquilo significava realmente, mas aceitei, sem pestanejar. Hoje, após quase quatro anos de convivência, posso dizer que não poderia ter escolhido melhor orientador.

Não porque ele é cabeção, não porque ele fala cinco línguas e já rodou o mundo. Mas porque ele sabe exatamente como eu sou, sabe como eu me comportarei e deste modo ele conduz a situação da melhor maneira possível: me iludindo. Maldito calculista.

Antes mesmo de me oferecer uma oportunidade de estudar na Inglaterra, ele me contou sobre os ''pubs'' e sobre a noite Inglesa, e sobre o dia. E sobre as festas. Quando eu estava encantado com o país (da maneira louca de ser, pois da formal eu já sou encantado desde pequeno) ele ofereceu-me a oportunidade de passar um ano lá.

Aceitei na hora e nem passou na minha cabeça o quanto eu teria de estudar antes de ir, e o quanto eu ainda terei de estudar. O maldito filho da puta sabe exatamente como me manipular. Cada vez que recuo ele me lança um desafio, e o tonto aqui não aguenta ser desafiado.

Realmente as noites na Inglaterra são maravilhosas, não podemos deixar de pensar que o bom rock surgiu de lá, um país que cultiva a cultura da cerveja e do rock merece meu respeito.

Como disse anteriormente, no mês de outubro eu estive lá, e principalmente nos pubs. Como poderia deixar de ir. Em uma escaldante sexta-feira de outubro (o que é raro de acontecer por lá) fiz a maratona de dez pubs em uma noite. A ressaca foi grande, mas a experiência foi ótima.

Sozinho a curtir a noite, encontrando e conhecendo pessoas, desfrutando do estudo em um dos melhores grupos de pesquisa da minha área em uma das melhores universidades do mundo. Sofrendo toda a amargura da saudade do Brasil, e trabalhando como louco a continuar os trabalhos do meu doutoramento. Esta é a rotina que me aguarda e que me fará viver intensamente no próximo ano.

Quanto meu orientador? Eis algumas recomendações:

'' Não beba muito, e principalmente beba somente aos finais de semana.
Utilize sempre o ''please'' e o ''sorry''.
Você não pode viver somente de peixe e batatas.
 Não se engane, os ingleses não perdem a chance de te tirar dinheiro.
 Aprenda tudo da forma mais rápida o possível, quando você voltar não tem escapatória, nosso equipamento terá de entrar em funcionamento em seis meses.
Aproveite tudo o que a Inglaterra pode te oferecer da maneira mais intensa que puder.''


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vamos fugir?


Nunca pensei que mudar de país seria tão difícil. Também nunca pensei que mudaria de país. Tudo bem, é só por um ano, mas quem nos garante o que a vida nos reserva, em um ano muita coisa pode acontecer.

E dá trabalho, meu Deus como dá trabalho, é um tal de vai documento para cá e vai documento para lá. Nossa, sem contar os custos. É mais fácil ir ilegal do que legalmente.

Quem diria que este caipira aqui um dia poderia se dar ao luxo de mudar para Inglaterra. Nossa nem nos meus melhores sonhos, nem nos meus melhores pesadelos. Enfim, viagem quase marcada, visto na mão. Finalmente estou me desvinculando dos meus bens materiais aqui no Brasil: uma cadeira de escritório, uma TV velha que só exibe tons de vermelho, uma escrivaninha minúscula, uma cafeteira (pobre companheira), um ventilador, e meus livros, meus adoráveis livros que ficaram com uma amiga, até a volta.

Das pessoas não me desvinculei ainda, e tampouco espero desvincular-me. Parece que quanto mais se aproxima a data, mas a melancolia e a saudade começam a apertar, logo eu que sempre fui considerado um legítimo sociopata, parece que mudanças despertam sentimentos.

A angústia é a principal. Nem tudo são rosas, pelo menos agora. Deixar uma vida construída e friamente calculada para trás e mudar para um lugar que ninguém me conhece, iniciar de novo. É um desafio e tanto, e são poucos que são corajosos o suficiente para renunciar o que tem de bom para aventurar-se pelo mundo.

Não é nada material que me faz sofrer em deixar. Nunca acumulei nada material, não sei o que, aquilo que não posso levar comigo em uma mala, não ganha atenção em minha vida. Mas a vida que sempre sonhei quando guri ainda, é esta que levo agora. O que estou fazendo é ir além...

Além de meus sonhos, além de minhas conquistas, além das expectativas (minhas e dos outros, principalmente a dos outros), além da comodidade, da rotina, além dos sentimentos, além talvez da minha capacidade intelectual, do meu seguro saúde e da minha reserva financeira (como se eu tivesse alguma!).

Não sei o que realmente esperar. Isso foge a minha capacidade de projeção. Como bom calculista, somente consigo pensar nas coisas ruins. As coisas boas parecem tão distantes. Tão hollywoodianas. Quem me aguarda lá? O que me aguarda? Será que alguém que me aguarda lembrou de comprar gim?

Jamais temi o que não vejo, mas o que sinto é bem diferente... Um ano é muito tempo, pode acontecer muita coisa, pode acontecer pouca, mas a vida, a minha vida, a forma com que eu encaro ela e a forma com que eu encarei estão prestes a mudar radicalmente... resta torcer para que seja para melhor.

Que venha Manchester, pois aqui tem guapo das Missões que assim como o vento, nunca encontra obstáculos em seu caminho.



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

''Sempre penso que meus relacionamentos nunca darão certo, e então acabo me esforçando para que isso aconteça''

Será que é esta a realidade?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Congressos...Livre Espontânea...Pressão



5 meses atrás
chefe: Haverá um congresso, está afim de submeter um trabalho?
eu: Não
4 meses atrás
Chefe: A data para submissão do trabalho está fechando amanha, me manda o resumo para corrigir
3 meses atrás
Chefe: Não foi aceito? bem que eu pensei que estava meio pobre teu resumo
Eu: Não faz mal, eu não quero ir neste congresso, não tenho grana
2 meses atrás
Chefe: Foi aceito seu trabalho, já decidiu se vai?
Eu: Já tomei minha decisão, não vou, o instituto não vai liberar verba.
1 mês atrás
Chefe: Eu não irei no congresso, então você vai e apresenta o pôster
Eu: Masss... Mass...¬¬
1 dia atrás
Chefe: Seu trabalho foi convidado para apresentação oral
Eu: Não tenho dinheiro para ir. 
Chefe: Pra que existe sua bolsa?
Eu : o_Ô... para sobreviver?
Chefe: Se não havia intenção de ir, não deveria ter submetido o trabalho, agora... vire-se !

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Jamais confie no seu Ego


Estava eu a conversar com meu Ego no finalzinho do mestrado:
Eu: "Bah mestrado acabando, seria legal um ano viajando sem ser mais o que fazer ou pensar!"
Ego: "Seria ótimo sim, com bastante dinheiro para gastar na viagem."
Eu: "Pior, é mas uma viagem tipo mochilão não sai caro."
Ego: "Mochilão? Vais passar um trabalho do cão, e quando retornar da viagem estará cansado e decepcionado."
Eu: "Mas eu descansaria minha cabeça, mestrado logo após a graduação terminou comigo."
Ego: "Que nada, faz doutorado, terás quatro anos para fazer o que quiser, terás tempo para tudo, dependendo poderás viajar com todo o conforto, sem ter que andar por aí de "Mochilão" (tom de desdém)"
Eu: "é talvez um título de doutor dá menos trabalho que o mestrado, afinal terei quatro anos para fazer o trabalho de dois"
Ego: " E no final terás o título... Já pensou no destaque que isso vai dar?"
Eu: " Não não pensei, mas acho que você tem razão"

Um ano depois, estou aqui, cansado, com um milhão de coisas para fazer, sem tempo de ir ao mercado, tendo que estudar aos finais de semana... aos finais de semana! E o pior de tudo, passo o dia a carregar um Mochilão... de livros.

Jamais confie no seu Ego

domingo, 7 de agosto de 2011

Aviso aos navegantes

Este ser está para embarcar para a terra da Rainha, primeiramente para uma visita rápida para tratar da possibilidade de uma estadia prolongada. Ainda não tenho fotos de lá, por isso peguei emprestada esta aqui.

Tempos interessantes estão para chegar. A principal dúvida é: "Quantos pubs conseguirei visitar???"

Chega de mimimi


Parece que o inferno astral, almal ou sei lá mais o quê chegou ao fim. Finalmente depois de tanto tempo pensando em besteiras e sentimentos que não tem sentido algum, encontrei-me novamente. Estou cansado de toda esta baboseira sentimentalista que toma conta de mim, sem pedir licença.

Não tenho mais saco para ficar pensando em meus sentimentos ou nos sentimentos do outros. Minha vida não pode mais esperar de minha boa vontade para resolvê-la.

A partir de agora, chega destes mimimi's que ficam a atormentar o leitor, se é que há algum, pois ninguém merece um homem choramingão. Está declarado o estado de sítio de minha alma. Toque de recolher inicia-se quando a melancolia e a tristeza chegar, e finaliza-se quando este passar. A partir de agora não escreverei mais sobre as tentativas falhas de entender o que meu coração quer.

Isto é coisa do passado. Está na hora de crescer. Se Deus me manteve vivo até agora é porque tenho algo a acrescentar a esta existência, e já que escolhi o caminho da ciência, tratarei de botar a cachola para funcionar e ver se sai algum invento que preste. 

Este blog finaliza agora todos os sentimentalismos toscos sobre coisas que realmente não importam, e que não servem de nada além de um registro de uma alma atormentada pelo seu próprio ser. Está decidido, não tenho paciência para aturar os encantos e desencantos da paixão, não tenho vontade de trocar o conforto pelas situações de desgaste a ser vivenciada.

Não me importa mais se estou ferindo alguém, por mais que tente evitar acabo ferindo, a vida será tocada ao modo ventania, sem qualquer arrependimento. A partir de agora darei mais ênfase a minha carreira, o coração já teve atenção demais, se não encontrou o ritmo, azar o dele, estou partindo para o próximo nível.

Prometo que não sumirei...

domingo, 3 de julho de 2011

Corpo coração e mente

Engraçado quando a vida nos pega de jeito não é mesmo?


Planejei tudo para que este momento chegasse, pulei imensas barreiras, feri corações. Tudo para não ficasse de alguma forma amarrado. Deixo tudo pronto para o ano seguinte, só aguardando o tempo certo.


Aí vem uma onda que derruba tudo, e acrescenta preparativos que você não estava  a fazer. De repente toda aquela organização mostrou-se ser uma total perda de tempo. E tem que começar do zero, pior, do -1.


E quando estás inteiramente devotado ao teu trabalho, sem qualquer laço que faria com que ficasse dividido, vem o sentimento de falta, de solidão. O medo de errar nas escolhas e se arrepender depois. Novamente a previsão mostra tempestades em meu caminho, e o meus sentimentos querem procurar um abrigo, e esconder-se até a tempestade passar.


Já não basta a mente ser um turbilhão incessante de pensamentos e o corpo ser  contra as leis da física, agora o coração está a desafiar qualquer atitude que tomo. Tudo isso somado a melancolia que volta e meia está a se mostrar.


Só me resta desistir do caminho, se se jogar ao vento, esperando que este me leve ao destino da minha vida. E o restante como faço?
para a mente aquietar álcool  
para o corpo mudar, exercícios, 
e para o coração de acalmar, uma pilha de relacionamentos de uma noite só.

domingo, 22 de maio de 2011

Sobre torneiras e felicidade

Fico feliz quando as coisas se encaixam. Fico extremamente feliz quando as coisas dão certo para as pessoas que me rodeiam. Todos me conhecem pelo meu jeito turrão, pouco sensível e grosso. Mas poucos me conhecem por esta estranha e peculiar mania de felicidade Wi-Fi. Sim, a felicidade dos outros me contagia, de uma forma tão intensa, como se eu pudesse obter algum benefício desta situação.

Pois é, o fato é que, que quando fico sabendo que pessoas que eu magoei recentemente pelos motivos mais egoístas que possam existir estão felizes, fico tão feliz quanto as mesmas. Acredito que possa sentir mais felicidade que a própria beneficiada, talvez... mas o fato é esse, fico feliz por ti.

Sei, eu entendo, é irrisório, é incoerente, é doido mesmo, tão doido quanto uma torneira na parede externa de um apartamento no 17º andar. Porém é real, do mesmo modo que a torneira. E é verdadeiro, assim com e verdade que sai água desta torneira.


Não sei realmente qual é minha função nesta dimensão. Sei que tenho ou terei alguma. Esta pessoa ao qual recebi notícias de felicidade, foi a mesma que em alguma época em comum de nossas vidas, disse-me que Deus me protegeu até agora porque certamente tenho algo grande a acrescentar a esta existência, seja bom ou ruim. Sempre pensei que fosse de ruim, mas isto é um pensamento para outro post.

Talvez minha tarefa aqui nesta existência tenha a ver com isso, com a a felicidade das outras pessoas. E esta alegria que sinto em vê-las felizes, sem qualquer pretensão de beneficiar-me disto seja parte de algo maior, que ainda descobrirei. 

Não sei de que serve uma torneira na parede externa de um apartamento no 17º andar. Não consigo achar algum motivo suficientemente razoável para que ela esteja lá. Não consigo imaginar sequer uma situação que necessite de tal maluquice. 

Mas ela existe, e de algum modo terá alguma função algum dia. De uma maneira simplista, ela pode apenas existir lá, com a simples função de ser vista, para que de algum modo as pessoas que a viram, a sentiram, ou algum dia arriscaram-se a tomar água dela, acabaram analisando sua vida  e encontrando a felicidade em águas de outras torneiras.