sábado, 27 de dezembro de 2014

E viva a Revolução





Há um bom tempo há uma grande discussão sobre o artigos científicos. Por um longo tempo as grandes editoras internacionais dominaram o mercado da ciência, abusando-se de uma lógica difícil de entender, porém mais difícil de entender o porquê que foi mantida por tanto tempo.

Para entender o processo da publicação de um artigo científico:

1. Para se ter reconhecimento internacional (especialmente na área das exatas) é necessário que pesquisadores publiquem seus resultados em revistas internacionais. Estas revistas possuem regras bem restritas quanto ao seu conteúdo e métodos de avaliação dos artigos em questão (algumas rejeitam 90% dos artigos que recebem já na primeira "olhada". [Até aí tudo bem, seriadade extrema]

2. Aqueles artigos que "merecem" ser publicados na revista, serão corrigidos e formatados pelos próprios autores pesquisadores que o submeteram. Se revisado e aceito pelos revisores [em geral de três a quatro] será publicado.

3. Aqui a porca torce o rabo. Na publicação os autores tem duas opções. Pagam uma quantia exorbitante para que seu artigo seja colocado a disposição na web para download gratuíto (na média 5 mil dólares!), ou cedem seus direitos a resvista que publica na web e vc só pode ler se pagar, na média 30 dólares por artigo.

Este é o momento que entra o grande debate. Como assim pagar sempre? O artigo é fruto de anos de pesquisa, de trabalho sustentado por instituições privadas ou públicas [No Brasil, mais públicas]. Ou seja, não foi a editora que pagou para que a pesquisa fosse realizada, o pesquisador faz todo o trabalho e quem lucra são os bacanas que colocam um link na web? No momento em que se quer divulgar a pesquisa e na maioria das vezes esta pequisa é baseada na necessidado do coletivo, os resultados só ficam restritos a quem pode pagar, e pagar caro. Quanto ao custeio público, vindo de impostos, o acesso deve ser livre a todos, já que todos contribuiram financeiramente para a realização das pesquisas.

Bem este debate se estende e muito, mas o assunto de hoje é que isso está mudando e está mudando de forma acelerada. Há alguns anos, muitos cientistas tão indignados como qualquer um que entende como o processo ocorre decidiram dar um basta e começaram a publicar em revistas de acesso aberto [open acces]. Na época estas revistas não tinham muito prestígio, que é medido através de um índice. 

Porém aqueles que ousaram desafiar o império da editoras não se arrependeram. Hoje as revistas de acesso aberto crescem de maneira exponencial. Como efeito colateral, um grande comércio surgiu com editoras novas que oferecem preços baixíssimos para publicar artigos científicos nos mesmos moldes das grande editoras. 

Mas o que inspirou-me a escrever isto foi que, isto tem crescido de forma tão avassaladora, que agora as grandes revistas e editoras estão começando a mandar e-mails para seus autores em suas bases de dados, fazendo propaganda delas mesmas e convidando os autores, antes rejeitados por simples preconceito, a submeterem artigos a estas revista. Há uns dois anos minha caixa de correio tem ficado lotada com estes anuncios, o que há quatro anos atrás, raramente acontecia de receber um e-mail sequer.   

Na ciência revoluções acontecem o tempo todo, Mas esta é tão grande quanto os maiores feitos da humanidade. E está apenas começando.  

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