sábado, 11 de janeiro de 2014

Estes Ordinários Zumbis

Sou eu uma pessoa ordinária?
Há algum tempo atrás eu vi uma charge onde havia um cara no topo de um carro com um tocha, rodeado de zumbis. Na charge dizia ''Onde você pensa que vai estar em um apocalipse zumbi'' com uma seta apontando para o cara no topo do carro. O quadro seguinte mostrava a mesma figura porém dizia "Onde você realmente vai estar'' apontando para um dos zumbis. 
Em nossa mente sempre pensamos que somos especiais. Há uma incrível mágica ilusão que fica a dizer ''Você é diferente dos demais, você não é comum, você é extraordinário''. Mas em momentos como eu estou vivendo agora, esta ilusão não passa de uma leve fumacinha, sendo esbaforida pelas narinas do monstro chamado Ego.
Você almeja ser um grande cientista, você quer mudar o mundo, você pensa que têm potencial. Você sonha com uma vida confortável. Você quer um futuro seguro, um lugar legal, e de vez em quando visitar alguns lugares diferentes. Você quer alguém ao seu lado para viver este sonho e desfrutar da tal da felicidade.
Na verdade estes são os anseios gerais da nação. Qualquer pessoa quer isso. Será que sou nada mais do que um dos zombis? Será que minha vida não terá um significado maior do que satisfazer meus próprios anseios? Minha pesquisa ou minha profissão vai realmente fazer a diferença na imensidão do caos da realidade? Estou eu fazendo meu papel ordinário como membro da espécie? Será que não estou disperdiçando recursos e potencial com coisas tolas que somente terão significado para aquele monstro chamado Ego?
Crise existencial no final do doutorado. Minha mente está vindo com uma haviana número 48 e dando na minha cara, com o lado das tiras pegando mo meu rosto deixando uma marca de V. Qual será o meu legado? Porque eu preciso deixar um legado? Porque eu não abdico disto para ajudar a salvar vidas? Porque eu não estou no meio do deserto levando água para quem tem sede?
Será que lá quando eu estiver com meus 90 anos, e eu estiver sentado em uma cadeira, no meio de uma noite chuvosa, repensando as poucas memórias que me restarem. Será que eu direi que os pulsares do meu coração valeram a pena?
Não acredito que passar 1/3 de minha vida à serviço da burocracia possa ajudar a nossa espécie, ou contribuir para um mundo melhor. Não acredito que pensando somente nos meus próprios anseios eu seria uma pessoa extraordinária. Não acredito que eu estaja segurando uma tocha, nem mesmo tenho fogo ainda para acendê-la.
Toda esta ânsia, por carreira, apartamento, uma vida estável, um lugar para viver, um cachorro, um gato, alguns carnês e muitos impostos. Isto me parece apenas uma fumaça, um bocejo, um redemoinho de vento que se esvanesce, restando apenas poeira no chão.
Eu não quero ser um zumbi

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