Meio da semana, estou
eu a esperar [isso soa meio portuga né] na estação de trem de Birmingham.
Sentado em um banco qualquer, munido do pior e o melhor da década de 90 em meus
ouvidos. Fantasmas passam por mim. Garotas com tops e calças de tactel bufante.
Seus rostos inconsequentes mostram uma época diferente do que vivo hoje. Somem
em um piscar. De repente tudo fica preto e branco, alguns palhaços e uns caras
extremamente apáticos tocam um violão e
choram por ter espancado seu irmão. Se esvaiem em fumaça depois de alguns
minutos. Dançarinas frenéticas surgem pela escada, balançado seus quadris,
acompanhando um cara em calça saruel, que dança tão frenenticamente quanto elas
no embalo de uma música cheia de paradas e frases repetidas. Logo são seguidos
por alguns cabeludos de camisa xadrez muito loucos, tão loucos quanto são
agora.
Entre estes fantasmas
que florescem em minha vista, penso eu, como era minha vida em 97? Triste, a
única coisa que me fazia feliz era a música que me chegava através de um
estação de rádio que era ouvida em um walkmann vermelho do tamanho de um
tijolo. Não havia muito o que fazer, a adolescência é complicada para espirítos
revolucionários em um cidade pequena. É triste ansiar por opçoes culturais e
não poder saciar. Lembre-se que naquela época, internet era coisa rara,
muiiitoo rara
.
Vem então o suspiro: “
a vida tem sido boa para mim”. E tem sido mesmo. Cá estou [oôh maldito portuga,
sai de mim] como planos de uma vida sendo realizados. Agora como bom sonhador
estou a planejar [este gajo encomoda] o que vem pela frente. Não me julgue. Sou
calculista, e na maioria das vezes frio. Planos estão a ser construidos
delicadamente, pensando-se em todas as variáveis, atitudes e ações a serem
tomadas. Não sei se serão realizados, provavelmente sim. Muito do que planejo
não agradará muitas pessoas, aliás a maioria. Muito do que planejo vai causar
uma tormenta tão grande que a única coisa que desejarei depois disso é a
calmaria. Elá virá mais cedo ou mais tarde. Muitos dos meus planos já causam amargor
em minha língua, desde já. Mas bem dizia o cara que, não merece o doce quem
nunca provou do amargo. O problema é quando começamos a preferir o amargo ao
doce. Quebrarei muitos corações. Como é de rotina. Alguns outros se aproximaram de uma forma que
acredito que será para toda uma vida, não da forma tradicional que se pensa
dessa frase. Não faz muito sentido, mas em um turbilhão faz. Revelações chocaram!
Como em toda época revolucionaria.
A europa me mudou, não
o que havia em meu interior, mas mudou a forma com que eu mostro isso. Mudou a
casca que levei anos construindo, cimentando e mantendo firme para que eu me
sentisse engajado. Doce ilusão, afinal estava me excluindo cada vez mais da
realidade e vivendo uma fantasia tão falsa quanto uma nota de tres reais. O que
aprendi e o que ainda aprenderei não tem preço.
A vida é boa comigo...
espero um dia poder retribuir.
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