sábado, 30 de agosto de 2014

Sobre gatos, universos e carreira



Ladainha de sempre, faz tempo que não apareço, bla bla bla.

Por falar em bla bla bla, escrevi estas palavras na minha tese: bla bla bla, quase morri de vergonha!

Pois é, mas não é sobre minha tese que eu escrevo hoje, nem minha falta de laço. Venho aqui destilar qualquer coisa que se passa por esta mente.

Pois então, vida encaminhada, é verdade. Coração anda batendo feliz, parece que finalmente encontrei o que me faltava, e apesar de isto me assustar um pouco, tem sido bom, tem sido ótimo, acredito que vai continuar sendo. A vida compatilhada não é aquele bicho, pelo menos se é, é daqueles que vc te vontade de morder de tanta fofura. Tenho um amor para vida toda sim.

Hobbies? Cuidar de uma gata esquisita, que adotei a tres meses atrás, e minhas plantas que insisto em cultivar em um cantinho que me resta. Parece que fui um jardineiro em alguma de minhas vidas passadas, ou universos paralelos, ou coisa parecida. Filosofar conta? Não sei se chega a categoria de Hobbie.

Mencionado antes a tese, finalizada, defendida, corrigida e sendo publicada em artigos, nada mal, na verdade tudo belezoca [acho que isso é bem antigo]. Mudei de ares, os mares meridionais não me pertencem mais, e ando agora pela maior selva de pedra do Brasil. Por mais que todos digam que é horrível, possui muitos encantos, e, para viver feliz aqui, é só simplificar: morar perto do trabalho, não possuir carro, usar o transporte público, aquela coisa sustentável e gostosa de ser.

Emprego novo: Tudo lindo, instituição renomada, muita ciência, muito trabalho, muito trabalho, trabalho mesmo. Do tipo: Agenda, reuniões, orçamentos, cartão de visita, escritório, time a gerenciar e comandar, cobrança, etc. Tem sido tempos interessantes.

Aí que mora a questão. Volta e meia me indago sobre minha utilidade no universo. Embora eu esteja amando a pesquisa que estou, ela ainda não é aquela que eu quero. Eu realmente quero contribuir para o mundo, quero pesquisar algo que um dia alguem vá dizer: Ele estava a frente, ele queria um mundo melhor.
Não é o que estou fazendo! Porém ainda não é meu lab. Então fazer o que? Isso me atormenta. 

Eu não estou pesquisando soluções para as mazelas da humanidade. Eu não estou tentatando melhorar a educação, eu não estou tentando ajudar a progredirmos na direção que eu acho importante seguirmos. E isto me angustia. Muito pior, sirvo aos interesses de grandes companhias, que não visam nada além do lucro. Se minha pesquisa atual der certo o que vai acontecer? Uma sofisticada tecnologia chegará as mãos daqueles que podem pagar por ela. Alguém vai lucrar muito com isso, e nada além de uns meros artigos isto irá me render. Nem mesmo isto será de ajuda aos mais necessitados. Puro interesse industrial. 

Isto me angustia, me angustia muito, eu sei, minha única leitora irá me dizer o que ela sempre diz: RESPIRA! Isto vai passar. Mas tenho medo de que isso não passe. O mundo ao que estou inserido oferece outro mundo para que pessoas dedicadas permaneçam sobre suas garras. Modéstia a parte, dedicação nunca me faltou, assim como o terrível defeito que herdei de meu pai: Lealdade extrema.

Eu sei, eu sei, é uma fase, mas fases podem durar uma vida inteira, e eu não gostaria de olhar para trás e ver que meu suor e meus pensamentos serviram apenas ao interesse de algumas companhias e não ao bem de todos...Confere produção?

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